Uma reflexão sobre o coração.

Mateus 6: 1-8.
“Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;
Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente.
E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.”

Cristo deu ordens a igreja! E assim como ele é Santo, seus mandamentos o são! Porém percebemos que até mesmo ordens santas, podem ser cumpridas de maneira profana. Deixe eu explicar, assim como o vocacionado santifica a vocação, e não a vocação santifica o chamado, assim o mandamento é santo porém ele pode ser cumprido de maneira nada santa!
Bom pra quem ainda não me entendeu, vamos usar um exemplo simples; com vocês em cena, os fariseus.
Jesus nos ensinou: “ Se vocês forem fazer alguma coisa, então que o fator motivacional não seja como o dos fariseus”. Para o Deus que ouve nosso coração pode ser complicado enxergar nossas obras, quando nosso coração está dizendo outra coisa!
Os fariseus davam esmolas! Bom muitos de nós a essa altura já teríamos perdido para a ética dos fariseus. Sim, teríamos perdido porque eles davam esmolas, e muitos de nós não! Porém o seu dar não estava ligado a um coração solidário, que age baseado no princípio do repartir, mas estava ligado ao egoísmo. Eles davam pensando em si. Eles davam pelo reconhecimento, pelas buzinas, fama, sucesso, status, eles davam por eles! Não davam por Deus, não davam pelos valores do reino de Deus, davam pelo simples prazer de satisfazerem a si mesmos! “ Porque até o dar pode ser egoísta”.
Eles oravam! Confesso que ao pensar nessas coisas sinto meu coração apertado! E porque apertado? Porque os fariseus oravam!
Eles tinham uma vida constante de oração, estavam sempre orando nas praças; sempre orando alto, sempre orando de uma forma bonita e possivelmente eram até teologicamente coerente! Porém Jesus disse: “... e quando vocês orarem não sejam como os fariseus”. O problema aqui não era o público e nem o privado. Também não era a oração. Qual o problema então? Será que Jesus está nos ensinando que há um lugar específico para buscar a Deus? Pense no que essa afirmação significa para a época: O secreto! Um contraste templo versus quarto.
O lugar de achar Deus era o templo! O lugar de encontrar com Deus é público, um lugar onde todos vão, o acesso é restrito a alguns, mas todos podem ir! Porém Jesus esta dizendo que o lugar de achar Deus, o lugar de falar com Deus é o secreto! É o quarto! O lugar de restrito acesso, de poucas pessoas, de poucas palavras, de muita introspecção e reflexão; o lugar de falar com Deus é na intimidade! Na intimidade que não tem haver com a retórica ou a popularidade! Na intimidade que tem haver com a verdade e transparência!
O movimento farisaico surgiu na época que chamamos inter testamentário, aqueles 400 anos de silêncio, onde houve a revolução dos macabeus; enfim a pagina em branco no meio da bíblia. Foi nessa época que eles surgiram e basicamente seu propósito era cuidar e preservar a lei; Em uma época em que o templo estava corrompido e Deus não falava a 400 anos, os fariseus constroem as sinagogas, casas onde a lei ainda era falada, ensinada! Sua preocupação em guarda a lei era tão grande, que eles criaram leis para proteger a lei. E os fariseus guardavam suas regras, amavam suas regras. Porém eles amavam mais suas regras que pessoas. Em função de suas regras pessoas eram colocadas em detrimento! “Não curar no sábado, não colher no sábado”. Pessoas em segundo plano! Suas regras eram tão mais importantes que pessoas, que um homem foi morto, sim um homem chamado Jesus morreu para que o mandamento dos fariseus fosse prezado!
Não consigo imaginar outra forma de concluir esse texto, só penso em arrependimento! Outros flashes ainda vem a minha mente, momentos onde a igreja usou o santo de Deus para manchar esse mundo com o pecado. As cruzadas, a inquisição, a ceia na igreja de Corinto que fazia diferença aumentando o contraste social.
Arrependimento! Arrepender pelas vezes que nós usamos o que é de Deus para não fazer a vontade de Deus! Arrependimento pelo comercio no templo e o comercio do templo que somos nós!
Arrependimento pela falta de amor, quando a justiça é feita sem paz e misericórdia.
Arrependimento, compaixão e misericórdia.