terça-feira, 19 de abril de 2011

Um novo tempo de coisas antigas.

Quanto tempo! Não que tenha parado de escrever. Isso não! Apenas não tenho passado por aqui.
Ontem porém estava dando uma geral em meu guarda roupa e encontrei o texto que esta ai embaixo. Esse texto foi escrito na época da minha formatura no Seminário Teológico Carisma, isso já faz algum tempo. Bom espero que nesse novo tempo de coisas antigas, você como eu se alegre por saber que o Fundamento da sua vida ainda permanece o mesmo.

Você já viu um exército, já esteve frente a frente com grandes heróis de guerra? Já olhou nos olhos de conquistadores e desbravadores?
É assim que me sinto nesse dia!
Homens e mulheres que tem tanta coragem que ousam a chorar na despedida de um comandante, que marcam um momento não apenas como fração do tempo; são diferentes, são ousados, intrépidos... choram.
Fico pensando o que significa, qual o valor de uma lagrima em um campo de batalha? O que significa a expressão de um coração em meio a guerra? Na verdade o que importa... deixe que elas caiam e tragam a esperança de um amanhã nascido em flor e reguem hoje o coração que chora com a dor de uma partida.
Todos vamos, ninguém ficará, ordens superiores nos foram enviadas, chegou a hora...
"...como ouviram se não há quem pregue?"
Nós iremos! Sim nós iremos como um exercito que marcha em fé, mas que tem sempre como sua motivação o amor!
"Homens do amor, para o amor, lagrimas nos olhos".

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Eu Não Sei


Recentemente li uma crítica feita aos calvinistas que eles costumam escapar de dilemas teológicos resultantes de sua própria lógica recorrendo ao conceito de “mistério”. Ou seja, os calvinistas, depois de se colocarem a si mesmos numa encruzilhada teológica, candidamente confessam que não sabem a resposta para a mesma.

A crítica em particular era sobre a doutrina da predestinação. Segundo a crítica, os calvinistas insistem que Deus decretou tudo que existe, mas quando chega o momento de explicar a existência do mal no mundo, a liberdade humana e a responsabilidade na evangelização, eles simplesmente dizem que não sabem a resposta para os dilemas lógicos criados: se Deus predestinou os que haveriam de ser salvos e condenados, como podemos responsabilizar os que rejeitam a mensagem do Evangelho? Os calvinistas, então, de acordo com a crítica, recorrem ao que é denominado de antinômio, a existência pacífica de duas proposições bíblicas aparentemente contraditórias que não podem ser harmonizadas pela lógica humana.

A verdade é que, além da soberania de Deus, temos outras doutrinas na mesma condição, como a definição clássica da Trindade, mantida não somente pelos calvinistas, mas pelo Cristianismo histórico em geral. Por um lado, ela afirma a existência de um único Deus. Por outro, afirma a existência de três Pessoas que são divinas, sem admitir a existência de três deuses.

Ao longo da história da Igreja vários tentaram resolver logicamente o dilema causado pela afirmação simultânea de duas verdades aparentemente incompatíveis. Quanto ao mistério da Trindade, as soluções invariavelmente correram na direção da negação da divindade de Cristo ou da personalidade e divindade do Espírito Santo; ou ainda, na direção da negação da existência de três Pessoas distintas. Todas essas tentativas sempre foram rechaçadas pela Igreja Cristã por negarem algum dos lados do antinômio.

Um outro exemplo foram as tentativas de resolver a tensão entre as duas naturezas de Cristo. Os gnósticos tendiam a negar a sua humanidade para poder manter a sua divindade. Já arianos, e mais tarde, liberais, negaram a sua divindade para manter a sua humanidade. Os conservadores, por sua vez, insistiram em manter as duas naturezas e confessar que não se pode saber como elas podem coexistir simultânea e plenamente numa única pessoa.

No caso em questão, as tentativas de solucionar o aparente dilema entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana sempre caminharam para a redução e negação da soberania de Deus ou, indo na outra direção, para a anulação da liberdade humana. No primeiro caso, temos os pelagianos e arminianos. No outro, temos os hipercalvinistas, que por suas posições deveriam mais ser chamados de “anticalvinistas”. Mais recentemente, os teólogos relacionais chegaram mesmo a negar a presciência de Deus pensando assim em resguardar a liberdade humana.

Há várias razões pelas quais eu resisto à tentação de descobrir a chave desses enigmas. A primeira e a mais importante é o fato que a Bíblia simplesmente apresenta vários fatos sem explicá-los. Ela afirma queum Deus e quetrês Pessoas que são Deus. Não nos dá nenhuma explicação sobre como isso pode acontecer, mesmo diante da aparente impossibilidade lógica do ponto de vista humano. Os próprios escritores bíblicos, inspirados por Deus, preferiram afirmar essas verdades lado a lado, sem elucidar a relação entre elas. Em seu sermão no dia de Pentecostes, Pedro afirma que a morte de Jesus foi predeterminada por Deus ao mesmo tempo em que responsabiliza os judeus por ela. Nãoqualquer preocupação da parte de Pedro com o dilema lógico que ele cria: se Deus predeterminou a morte de Jesus, como se pode responsabilizar os judeus por tê-lo matado? Da mesma forma, Paulo, após tratar deste que é um dos mais famosos casos de antinomínia do Novo Testamento (predestinação e responsabilidade humana), reconhece a realidade de que os juízos de Deus são insondáveis e seus caminhos inescrutáveis (Rm 11.33).

A segunda razão é a natureza de Deus e a revelação que ele fez de si mesmo. Para mim, Deus está acima de nossa possibilidade plena de compreensão. Não estou concordando com os neo-ortodoxos que negam qualquer possibilidade de até se falar sobre Deus. Mas, é verdade que ninguém pode compreender Deus de forma exaustiva, completa e total. Dependemos da revelação que ele fez de si mesmo. Contudo, essa revelação, na natureza e especialmente nas Escrituras, mesmo suficiente, não é exaustiva. Não sendo exaustiva, ela se cala sobre diversos pontos – e entre eles estão o relacionamento lógico entre os pontos que compõem a doutrina da Trindade, da pessoa de Cristo e da soberania de Deus.

A terceira razão é que existe um pressuposto por detrás das tentativas feitas de explicar racionalmente os mistérios bíblicos, pressuposto esse que eu rejeito: que somente é verdadeiro aquilo que podemos entender. Não vou dizer que isso é exclusivamente fruto do Iluminismo do séc. XVII pois antes dele essa tendência já existia. O racionalismo acaba subordinando as Escrituras aos seus cânones. Prefiro o lema de Paulo, “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Coríntios 10.5). Parece que os racionalistas esquecem que além de limitados em nosso entendimento por sermos criaturas finitas, somos limitados também por nossa pecaminosidade. É claro que mediante a regeneração e a iluminação do Espírito podemos entender salvadoramente aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra. Contudo, não há promessas de que regenerados e iluminados descortinaremos todos os mistérios de Deus. A regeneração e a iluminação não nos tornam iguais a Deus.

Além dos mistérios mencionados, existem outros relacionados com a natureza de Deus e seus caminhos. Diante de todos eles, procuro calar-me onde os escritores bíblicos se calaram, após esgotar toda análise das partes do mistério que foram reveladas. Não estou dizendo que não podemos ponderar sobre o que a Bíblia não falamas que o façamos conscientes de que estamos apenas especulando, no bom sentido, e que os resultados dessas especulações não podem ser tomados como dogmas.

domingo, 28 de novembro de 2010

O Deus que não desistiu de você.


Provavelmente, assim como eu, você já ouviu esta frase: "se você não fizer, não se dispor, Deus vai levantar outro para fazer no seu lugar". Eu vou dizer a verdade, isso soa forte! Dependendo da leitura, até encontramos base bíblica para isso.

Mas esse não é o Deus que vejo em Jonas. (leia a história de Jonas todinha). Deus tem um propósito: salvar a cidade de Nínive da sua ruína, de seus pecados; para isso, Deus conta com um homem chamado Jonas, que a princípio foge do projeto de Deus. Escolhe o caminho da desobediência. Vai para o lado contrário. E aí, então, o que Deus faz? Escolhe outro cara para ocupar o lugar de Jonas? Não! Surpreenda-se com o Deus que leva Jonas ao mar, cria uma tempestade em alto mar, faz com que Jonas seja engolido por um grande peixe, colocando-o no centro da vontade de Deus para sua vida.

Essa história mostra o Deus descrito na Bíblia; um Deus que ao invés de permitir que o pecado destruísse tudo, perdoou Adão e a humanidade antes da criação em Jesus. O Deus que salvou a humanidade em Noé, antes que esta fosse extinta pela maldade e pela perversidade do seu coração. O Deus que escolhe um homem velho e uma mulher estéril (Gênesis 12) para criar uma nação a fim de Se revelar, através dela, ao mundo, para que o homem distante de Deus não ficasse sem a Sua revelação. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó. E porque não dizer o Deus do Vinicius, da Maria, da Camila, do Thiago, do Guilherme, de José… Quantas vezes pensamos em desistir de Deus, e Deus não desistiu de nós?! O Deus que não desistiu do povo de Israel! Que o tirou do Egito, que o levou à Terra Prometida; o Deus que salvou Ló e sua família.

Enquanto muitos preferem fazer a leitura de um Deus exclusivista, que busca a nossa perfeição para executar seu propósito, prefiro enxergar um Deus que está tão determinado em cumprir seu propósito em mim e através de mim que se recusa a me trocar. Pois Ele sabe que pode me transformar enquanto me usa para transformação.

A questão é: quem mais precisa da vocação não são os alcançados, mas os vocacionados. Qual o sentido de Abraão sem a vocação? E Moisés, quem seria Moisés sem aquela sarça?

Deus não pode, Deus não desiste dos necessitados e, por isso, não desistiu de você!

O Deus que não desistiu diante de toda rebeldia de Israel, que sempre foi apenas um

reflexo profético da rebeldia de toda humanidade! O Deus que faz ciúmes! Gente, Deus faz ciúmes em Israel (Rm 11)! Que nos amou, que Se deu, que Se entregou para trazer-nos de volta ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído: dos braços do Pai! O Deus que é o Pai do filho pródigo, o Deus que é o pai de todos os pródigos, como eu e você. O Deus do perdão, da graça. O Deus que redime as culturas à Sua essência para estarem eternamente como um memorial diante d´Ele; o Deus que constrói Seu reino com as armas de amor! O Deus que foi atrás de Pedro e, hoje, está atrás das Marias, dos Josés, de mim e de você. O Deus que prometeu que vai voltar!

Definitivamente, não acredito em um Deus que desiste. Mesmo quando nós desistimos de Deus, de nós, Deus não desiste!

Concluindo, penso que a única pessoa que terá tudo para se sentir frustrado ou realizado será Deus! Frustrado por pensar naqueles em que acreditou, mas que não acreditaram Nele. Na eternidade, talvez, o único a sentir tristeza seja Deus, a tristeza por não ver quem queria ver, a tristeza de um Deus que com Seu todo poder escolhe sentir a dor da perda, da tristeza pelos que não creram.

Os sentimentos de realização, por ver se cumprir em nós o fruto do Seu penoso trabalho, de satisfação, de alegria, de frustração, de tristeza, talvez, em Deus, são apenas um.

O que temos é a certeza de que o sentimento que a eternidade trará será o de gratidão! Gratidão por parte de todos aqueles que olharam para Ele, para o Cordeiro, e, lá, ao Seu lado, saberão que estão ali porque o Cordeiro não desistiu de ninguém!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Hipocrisia.


Como eu ainda tenho muito que aprender! E me parece que essa verdade fica ainda mais clara quando estou frente às minhas fraquezas. (fraquezas: áreas que preciso mudar)

Hoje de manhã, mais uma vez, foi aquela rotina: acordar às 7:00, dar aquela enrolada básica para levantar, o famoso mais 5 minutos, trocar de roupa, escovar os dentes e bora pra oração.

No caminho, a causa desse texto apareceu. Subindo a pé para a igreja, deparei-me com um carente, um mendigo. Passei por ele ouvindo minha música… Então, lembrei-me de duas pregações que fiz há pouco tempo, uma em Niterói – em um congresso em que falei do tema Maranata –, a outra em Vila Velha – na Conferência do Espírito Santo –, ambas sobre a responsabilidade que temos como igreja diante do mundo em que vivemos. E por algum momento me vi diante da hipocrisia. Lembrei-me do levita, do sacerdote e do bom samaritano. (Lucas 10: 25-35)

Fui mais uma vez confrontado com as palavras de Jesus. E agora, estou aqui escrevendo esse texto com a cabeça cheia, envergonhado pelo descaso de simplesmente ter passado por uma pessoa e nem sequer dado um bom dia!

“Preciso de mais canções, canções que me façam abrir os olhos ao invés de fechá-los! Preciso de uma música que me desperte do meu sono, da minha dormência, da minha insensibilidade. Uma música que me faça acordar para a realidade”.

Perdoe-me por tanta sinceridade. Com certeza, eu gostaria de ter sempre perfeições para lhes apresentar; mas, hoje, estou muito mais diante das minhas debilidades que qualquer outra coisa!

Nessa manhã, tive um encontro com Jesus. Mas, não foi como um romance, e sim como um tribunal! Vi minha falta de verdade ser condenada pela Sua imensa compaixão.

É sempre um desafio ser cristão; e não dá pra ser diferente!
A proposta de Cristo é levarmos uma cruz!

Paro para orar... “Pai, junto com meus irmãos essa manhã, quero agradecer por esse dia, por poder entrar, falar Contigo. Pai, quero Te pedir nesse dia: tira de nós tudo o que nos impede de sermos como Jesus, as máscaras que fizemos para parecermos algo que ainda não somos, a nudez coberta com as folhas. Muda-nos, Senhor! Já não podemos mais suportar nossa falsidade, nossa hipocrisia! Queremos ser verdadeiros. Tira todo o falso, o falso ruim, aquele que nós julgamos ser ruim, como também o falso bom, o que julgamos ser bom, mas rouba o lugar da verdade do Senhor em nós! Faça isso Pai! Em nome de Jesus”.

Minha oração é um convite à identificação; começo o dia com o Espírito Santo convidando-me ao arrependimento.

Preciso mudar.

Quero concluir esse momento com uma reflexão de Philip Yancey sobre o texto de Atos 5:1-11.

A igreja estava em um momento maravilhoso; o Espírito Santo guiando os irmãos a um momento de generosidade. José, um irmão que era levita, havia vendido um terreno e depositado tudo nos pés dos apóstolos [os levitas eram a tribo que não tinha herança, o próprio Senhor era sua herança]. Ninguém tinha falta de nada. (Atos 4:33-37). No meio desse mover do Espírito Santo, duas pessoas decidiram mentir. Porque eles fizeram isso, apenas suspeitamos, talvez por dinheiro, talvez por reconhecimento. O que sabemos é que sua mentira, sua falta de verdade, sua hipocrisia os levou à morte.


Parece que Deus não sabe lidar com nossa falta de verdade. Na entrada triunfal, Jesus disse: “Esse povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim”.

Deus também disse ao povo de Israel: “Eu não consigo participar dos seus cultos”.

Nossa falta de verdade incomoda a Deus.

Que Deus possa sempre lidar com a nossa verdade, mesmo que essa verdade seja aquela que não queremos demonstrar.

texto escrito dia 11/11/2010.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fé.


Este texto do Gustavo Bessa eu dedico a todos que trabalham na obra, assim como eu e que já se sentiram muito chateados por fazerem muitas atividades na igreja, mas viverem em contendas e ciúmes. Servos que ficam horas na igreja e não conseguem ter um lar em paz e um bom relacionamento com os mais próximos. Dedico este texto às pessoas, eu me incluo nessa, que já se converteram sim, mas estão aprendendo a fazer o que é básico para um cristão: amar, inclusive os mais próximos.
Será que eu já cresci na fé?
O crescimento não é uma opção na vida de uma pessoa, mas, sim, uma necessidade. O crescimento é uma evidência de que a pessoa não está doente. O não-crescimento, esse sim, é totalmente anormal. Um bebê que nasce e não cresce adequadamente é sempre levado ao médico para ser avaliado. Quando olhamos para uma criança que não se desenvolve como as crianças da sua idade, nós ficamos preocupados. Nós comentamos entre nós mesmos sobre o assunto. Nós conversamos com os pais. Nós sugerimos uma ida ao médico. É assim que agimos no mundo natural. Por que achamos que é diferente no mundo espiritual? Por que não ficamos preocupados quando olhamos para um crente que não cresce espiritualmente? Por que achamos normal um crente permanecer como criança na fé depois de tantos anos, tantas pregações, tantas ministrações, tantos cultos e tantos anos de igreja? Da mesma maneira que um bebê, o crente deve crescer e se desenvolver até chegar à maturidade. Contudo, como eu posso saber se eu já cresci na fé? A resposta para essa pergunta não pode ser encontrada em outro lugar senão na Bíblia. Não é o mundo à minha volta, ou as pessoas do meu lado, ou o meu próprio senso de maturidade que servirão de régua para medir o meu crescimento. Nem o mundo, nem as pessoas e nem eu mesmo somos capazes de medir a maturidade na vida de alguém. Na verdade, não conseguimos nem mesmo enxergar, com clareza, o nosso próprio coração. O nosso coração é tão enganoso e corrupto (Jeremias17.9). Por essa razão e por causa das limitações do mundo à nossa volta e também de nós mesmos, precisamos da luz da Palavra de Deus. Ela é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Salmo119.105). Ao voltamos os nossos olhos para a Bíblia, nós encontramos muitas indicações do que signica crescimento na fé. A Bíblia nos oferece parâmetros seguros que podemos usar para medir o nosso amadurecimento na fé. Um dos textos bíblicos que trazem luz à essa pergunta sobre o amadurecimento na fé foi escrito pelo apóstolo Paulo sob inspiração do Espírito Santo. Ele escreveu o seguinte para os crentes da cidade de Corinto: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?” (1Co 3.1-3.) É interessante notar que Paulo não mede o amadurecimento espiritual de uma pessoa a partir do tanto de dons e ministérios que essa pessoa ou igreja possuem. A igreja de Corinto, por exemplo, era uma igreja cheia de dons e ministérios. Paulo mesmo reconhece isso, dizendo que aqueles irmãos haviam sido enriquecidos em tudo em Jesus e que nenhum dom estava ausente no meio daquela comunidade (1Co1.5-7). Ao escrever sobre a ordem de culto, Paulo cita uma série de dons e ministérios que certamente não eram estranhos ou distantes da experiência diária dos irmãos. Aqueles crentes entenderam e se identicaram com as palavras ditas por Paulo. Eles sabiam e tinham experiência em relação à Palavra de sabedoria, à Palavra de conhecimento, à fé, aos dons de curar, às operações de milagres, à profecia, ao discernimento de espíritos e às variedades de línguas (1Co 12.4-11). Tudo isso existia naquela igreja! Entretanto, Paulo, ainda assim, os chama de imaturos e de crianças em Cristo! Nós só podemos concluir, diante dessas palavras, que as manifestações sobrenaturais do espírito e a diversidade de ministérios desenvolvidos por uma pessoa ou comunidade não são sinais de maturidade na fé. Na verdade, a maturidade na fé é medida não pelos tantos dons e ministérios espirituais que desenvolvemos, mas, sim, pelo tanto que amamos as pessoas. O crescimento na fé é medido não pelo tanto que trabalhamos para Deus ou conhecemos sobre Deus, mas, sim, pelo tanto que amamos a Deus e ao próximo. A princípio, essa régua de medir, a saber, o quanto amamos, pode parecer muito subjetiva e abstrata, mas não é. Existem muitas aplicações e situações práticas que nos podem fazer saber o quanto realmente fomos invadidos pelo amor de Deus e também crescemos em Deus. Continuamos como crianças na fé, se, por exemplo, nos achamos melhores que os outros. A comparação e a competição nas coisas de Deus e nas coisas da vida são um sinal de imaturidade espiritual e de não-amor. (O amor quebra barreiras e une as pessoas. O amor sempre vê a todos como iguais e necessitados de Cristo Jesus. No amor não existem melhores ou piores, mas sim pessoas igualmente carentes de Deus.) Por outro lado, no mundo da comparação e da competição, existem os melhores e os piores, os vencedores e os perdedores, aqueles que são mais e aqueles que são menos, aqueles que se tornam mais amados e aqueles que se tornam menos apreciados, aqueles que recebem tudo e aqueles que recebem pouco, aqueles para quem as portas se abrem e aqueles para quem as portas se fecham, aqueles que são tidos como cidadãos de primeira classe e aqueles que são tidos como cidadãos de segunda classe. Se esse é o retrato do mundo natural, esse jamais deve ser o retrato daqueles que já nasceram em Cristo. O mundo-sem-Deus nunca é referencial para o Reino de Deus! Se existem duas classe de pessoas o mundo-sem-Deus, não pode haver duas classes de pessoas na comunidade da fé! A comparação e a competição não podem existir na vida e no coração do crente maduro. Ele precisa reconhecer que não é melhor do que ninguém e que não merece ser tratado melhor do que ninguém. Ele sabe que todos são iguais, apesar de terem dons e ministérios diferentes. O amor de Deus derramado em seu coração destruiu e continua destruindo os instintos pecaminosos de competição, comparação e divisão. O crente maduro se identica com as palavras que Paulo escreveu ao enfrentar essa situação de comparação e competição da igreja de Corinto:“Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento.” (1Co 3.5-7.) No coração e na vida do adulto na fé, existe a compreensão de que Deus é o único que deve ser glorificado e exaltado. Ele sabe que só existem duas posições no pódio: Aquela onde está Deus e aquela onde estão todos os seres humanos. Ele reconhece que Jesus, sim, é o vencedor; e que, se somos chamados de vencedores, nós o somos, não pelos nossos méritos, mas, sim, pelos méritos de Jesus. Só somos vencedores em Jesus. Somente Jesus pode nos fazer mais do que vencedores. Se alguém deve ser admirado, destacado, levantado e distinguido como o Melhor dos melhores, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, esse alguém é Jesus Cristo. É chegado o tempo de nos posicionarmos como crentes maduros diante do nosso mundo infantil. Precisamos guardar o nosso coração e nos levantar como adultos espirituais na nossa geração. É tempo de crescermos e de rejeitarmos os rótulos mundanos que nos iludem a pensar que somos mais ou menos: mais amados porque temos muitos seguidores no twitter ou menos amados porque são poucas as pessoas que nos seguem; mais importantes porque são muitas as pessoas nos procuram ou menos importantes porque nos sentimos isolados; mais inteligentes porque as pessoas nos ouvem ou menos inteligentes porque ninguém presta atenção àquilo que dizemos; melhores porque temos muitos dons e ministérios ou piores porque temos pouco; mais prestigiados porque somos ricos ou menos notados porque somos pobres. No Reino de Deus não existe espaço para a ideia de melhor ou pior. A ideia da competição, da comparação e da divisão já foi abolida na cruz do calvário. Ninguém pode se achar melhor ou pior por causa de nacionalidade, ou posição sócio-econômica, ou coisa alguma. Por isso Paulo escreveu: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 2.28.) Os critérios mundanos usados para comparação, competição e divisão entre as pessoas já foram abolidos. No Reino de Deus não existe espaço para os que se acham melhores ou piores. Na verdade, todos são imerecedores e totalmente carentes da graça de Deus. Jesus, e somente Ele, deve ser distinguido, levantado, admirado e exaltado no nosso meio e em nossas vidas. Que o Cordeiro receba a recompensa pelo Seu sacrífício.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O que Deus espera?



Estive pensando... o que Deus gostaria de fazer nessa geração? Ou mais
interessante ainda: o que Ele pode fazer nessa geração?

Quando vemos o contexto de nossos dias, com tanta gente andando para o nada,
para o vazio, sem valores pelos quais valham a pena viver, uma decadência
generalizada da moral em todas as áreas, fica uma pergunta no ar: o que vem
depois? O que será amanhã? Qual será o escandalo ou quem desafiará mais
fortemente os padrões culturais cristãos que ainda persistem sufocados numa
sociedade vazia e edonista?


"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque
haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos
de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela"(2Tm 3:1-5).



Isso é o que vemos todos os dias... agora sabe o que eu gostaria de ver todos os
dias? Ou melhor: o que Deus gostaria de ver todos os dias?



Ele quer ver esta geração ardendo de amor por ele. Quer você vivendo por Ele,
contando seus dias na presença dEle, por saber que não existe para onde ir(Jo
6:68), não existe lugar melhor(Sl 84:10), não há nada que preenche seu ser além
de Sua presença queimando em seu coração(Ct 8:6-7). Ele quer ser um com você,
intimamente ligados por um pacto de sangue(Jo 17:26).

Estamos falando de algo que vem depois a conciliação, do perdão e do encontro
com Deus... é conhecê-lo na intimidade(Sl 25:14), é ser arrebatado em profunda
adoração àquele que é digno - digno por honra própria e porque se importa com
você. Sim, Ele é digno não só porque é Deus, mas porque Ele se importa com você,
e trabalha em seu favor(Is 64:4). Ele zela por você, Ele te faz prosperar(Dt
8:18), te ajuda(Is 41:10), te dá saúde, oportunidades, te assiste nas horas
dificeis(Sl 91:14-16), e você encontra força nEle. E quer saber porque Ele faz
isso tudo? Ele te ama(Jr 31:20). Sim, te ama apaixonadamente, mesmo sem você
merecer. Por isso que Paulo diz que o Amor de Cristo nos constrange(2Co 5:14)!
Dá pra ficar sem graça diante de tanto amor.



Permita-se conhecer a Deus. Ele não vai arrombar a porta, mas te convida a uma
ceia sem igual(Ap 3:20). Como disse meu irmão David Quinlan: "tem muito mais [...]
eu sei que tem mais".

Por Sérgio Roque.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um dia de Moisés.


O dia hoje foi muito difícil. Um sentimento de vazio; a péssima sensação de distanciamento de Deus; o sentimento oco de quem não tem nada para falar.
Um dia de Moisés!
O dia em que a sensação de ser herói acabou, o mar que se abriu fechou. O que resta das glórias, das vitórias é a sensação do fracasso por não saber o que dizer; o que resta é um povo cheio de perguntas, pesado as minhas costas diante de um menino que não sabe o que dizer.
Tudo bem, a sensação do não saber o que dizer já aconteceu outras vezes; não diante do povo, diante de Deus. Sim, Aquele que para uns é causa de muitas, inspiração para um novo coro de exaltação e contemplação, para outros é motivo de silêncio; É acentuação do defeito de comunicar, a evidência do silêncio, do não saber o que dizer; Pesado de língua.
Um dia de Moisés!
Hoje é dia do tão somente “Tu sabes” de Pedro (e olhe lá); Na verdade hoje é dia em que nenhum lado fala; Tudo que ouço é o galo a cantar, a evidenciar o silêncio de quem mais uma vez não tem nada a dizer.
“Eu só queria te sentir oh Deus! Queria ouvir sua voz falar dentro de mim”.
Enquanto escrevo essas palavras num desespero de colocar essa sensação horrível para fora, penso em julgamento, nos rótulos que posso levar por esse texto (aquela acusação conhecia dos amigos de Jó, pecado); É o preço que pagamos por quebrar o silêncio e dizer.
A vida cristã é realista, não é apenas construída por imagens e sons, existem sensações e por mais difícil que seja prefiro o Caminho, escolho o Amor!
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o amor”. (Paulo, o apóstolo)

É como se lê.


Lucas 10: 25-35.
"E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar".


Porque o sacerdote e o levita não pararam?


Além das muitas respostas que o próprio texto nos mostra, quero sugerir uma bem simples, sua interpretação da lei.
A maneira como eles liam a lei fazia dos mandamentos algo mais importante que pessoas. Se você conhece um pouco do V.T sabe que havia uma lei, um voto conhecido como o voto do nazireu (ler a vida de Sansão- Juizes 14), essa lei proibia o nazireu de tocar em coisas mortas. Porém Jesus mostra que a vida vale mais que a lei, mais que mandamentos. Uma ovelha perdida no sábado é mais importante que o sábado! Jesus é o Senhor do sábado!


Sendo assim a maneira como lemos a lei de Deus pode nos levar a agir conforme Jesus, conforme o Bom Samaritano ou agir como o levita, o fariseu! A pergunta de Jesus é: Como você lê a lei?

Vejo pessoas hoje lendo a lei de tantas maneiras; Pessoas lêem a lei de Deus e são levadas ao julgamento, adquirem na lei instrução para julgar. Outros lêem a lei e recebem dela informação para serem egoístas quando ao trato com o dinheiro, posses.

Como você te lido a lei?

Nossas atitudes dizem muito de como interpretamos a palavra.